ELEIÇÕES TERMINAM COM SALDO NEGATIVO PARA A MAIORIA DOS POSTULANTES AO PLANALTO
Lula não fez valer força da máquina federal e candidatos de direita ou viram divisão em seu campo ou mostraram pouca força nas capitais de seus Estados
As eleições de 2024 chegaram ao fim ontem, deixando saldo negativo e preocupações para os principais postulantes ao Palácio do Planalto em 2026. Ainda que daqui e dali alguns deles possam ter colhido vitórias, o fato é que o resultado geral das eleições indica que os caciques ou mostraram menos força do que imaginaram ou viram o espaço em seus campos se reduzir ou se dividir.
Como já dito aqui neste espaço, o caso de Lula é mais cristalino. O presidente da República não conseguiu aproveitar a presença na máquina federal para fazer com que o PT saísse do abismo que se meteu desde os piores momentos do governo de Dilma Rousseff, quando começou a perder espaço nas eleições municipais pelo País.
Apoiando candidatos de centro, Lula venceu em cidades importantes, mas sem que sua participação tenha sido relevante. O centro se fortaleceu e a direita também, o que deve fazer com que deputados que vão buscar a reeleição em 2026 dificultem a vida do governo para dialogar com uma parcela relevante da população que se posicionou contra a esquerda.
O inelegível Jair Bolsonaro, que corre atrás de uma anistia para poder concorrer, já entrou na eleição em situação complicada. Tem uma série de denúncias na porta de sua cozinha e indiciamentos também. Até 2026 e depois disso deve travar suas maiores batalhas nos tribunais. As eleições só trouxeram mais problemas. Bolsonaro brigou com aliados pelo País, deixou imagem ruim na eleição em São Paulo ao fugir da corrida eleitoral quando Nunes estava em situação difícil e, principalmente, viu Pablo Marçal desafiá-lo e cooptar boa parte de seu eleitorado, tornando-se uma sombra à direita.
Se Marçal concorrer em 2026, não será qualquer indicado por Bolsonaro que conseguirá êxito apenas por ter a bênção do ex-presidente. Mas mesmo Marçal também saiu da eleição com motivos para se preocupar, após colocar um importante ativo conquistado na corrida à Prefeitura de São Paulo em risco por ameaças judiciais. Ao publicar um laudo falso em que acusava Guilherme Boulos de uso de drogas, ele entrou de vez na mira da Justiça eleitoral e a maioria dos especialistas que são consultados sobre o tema apontam que é muito grande a chance de que ele fique inelegível muito em breve.
Tarcísio de Freitas é um nome que torce para isso. Dos postulantes a 2026, tende a ser aquele a ter o melhor saldo, caso eleja Ricardo Nunes na capital paulista. Foi o governador quem segurou o touro na unha quando Bolsonaro fugiu da polarização com Marçal e as pesquisas indicaram a chance de o prefeito ficar fora do segundo turno. Mas o esforço teve custos políticos também ao governador, que precisou entrar em embates com o ex-coach por causa disso. Basta ver as redes sociais de Tarcísio para perceber que uma parte do eleitorado de direita ficou profundamente incomodada com o esforço de Tarcísio pró-Nunes. E se Marçal não ficar inelegível, pode ser uma ameaça a Tarcísio até mesmo em uma disputa à reeleição no Estado.