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GESTOS MORTAIS? HOMICÍDIOS LIGADOS A SÍMBOLOS DE FACÇÃO PREOCUPAM NA BAHIA

Gestos que parecem simples, feitos com as mãos para sair em fotografias, se tornaram um fator de risco e podem estar ligados a mortes de pessoas na Bahia. Nos últimos meses, assassinatos estão sendo atribuídos a facções, que teriam “punido” pessoas por fazerem símbolos de rivais, seja por provocação ou mesmo por engano.

O tema ganhou força nas ruas e até no debate político esta semana, virando munição para rivais do governo do estado liderado pelo PT há 17 anos.

Segundo nota da Polícia Civil, dois homens se aproximaram, olharam o aparelho celular de Marcos e em seguida efetuaram os tiros. Duas pessoas já foram presas.

A morte foi a oitava morte suspeita por esse tipo de retaliação em um período de um ano, segundo dados do jornal Correio da Bahia, que vem contabilizando casos.

Procurada, a Polícia Civil afirmou não ter dados específicos sobre esse tipo de ação e não indicou fontes oficiais para comentar sobre o risco de gestos.

Em outubro do ano passado, duas mortes também teriam ocorrido por conta do mesmo problema: de Gustavo Natividade, 15, e Daniel Natividade dos Santos, 21, que eram percussionistas do bloco afro Malê Debalê. Eles foram mortos a tiros em Camaçari depois de uma foto fazendo gestos similares ao de uma facção.

Em outubro de 2024, grupos de turistas têm sido alertados por guias que realizam passeios por Salvador para evitarem tirar e postar fotos com sinais e gestos.

Cantora derruba vídeo

No fim de semana, a cantora baiana Duquesa excluiu de suas redes o videoclipe da música Fuso, onde ela fazia um gesto que poderia ser associado à facção. Ela postou um comunicado em suas redes sociais anunciando a medida

Segundo o delegado Roberto Júnior, diretor regional de Sudoeste/Sul da Polícia Civil da Bahia, as facções CV (Comando Vermelho) e PCC (Primeiro Comando da Capital) usam gestos para simbolizar seus apelidos, que podem ser confundidos.

“O CV é a ‘tudo 2’ e utiliza o número dois para se identificar; já o PCC é a ‘tudo 3’ e utiliza o número três. Eventualmente algum desavisado ou então faccionado de outra facção faz esse gesto, e ele é visto como uma afronta. Às vezes a pessoa acaba pagando com a própria vida. Basicamente é isso, uma banalidade”, diz.

Além desses gestos das maiores, há outras facções locais que também usam símbolos, que podem ser confundidos. É o caso da BDM (Bonde do Maluco), que estaria por trás de pelo menos duas dessas oito mortes. UOL