Empresário da Bahia é citado em inquérito contra Bolsonaro sobre venda de joias de alto valor
Casado com irmã de Mauro Cid, antigo ajudante de ordens do ex-presidente, Estevão Avillez tem nome apontado em documentos apreendidos pela PF
Um empresário da Bahia aparece entre os personagens citados no chamado inquérito das joias, instaurado pela Polícia Federal (PF) para apurar a negociação ilegal de bens de luxo que pertencem à Presidência da República, mas tiveram os valores obtidos com a venda supostamente desviados para o patrimônio pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trata-se de Estevão de Borba Avillez, descrito pela PF como um dos diretores da Go Daddy, maior registradora de domínio do mundo, embora ele não apareça no quadro de dirigentes informados pela companhia em sua página na internet. Apesar de residir hoje em Ontário, no Canadá, Avillez tem como endereço declarado junto às autoridades brasileiras um apartamento do Conjunto dos Bancários situado na rua Elisário Silveira Andrade, Stiep.
Fio de suspeitas
Cunhado do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do esquema de vendas de joias e relógios de alto valor oferecidos de presente para o Brasil pelo governo da Arábia Saudita, Eduardo Avillez aparece 15 vezes nas mais de duas mil páginas que compõem o inquérito. Em um trecho do relatório da PF, cujo sigilo foi retirado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no início deste mês, constam cinco folhas de papel escritas à mão apreendidas na casa do pai do ex-ajudante de ordens, o general Mauro Cesar Lourena Cid, em Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. No documento manuscrito, consta o endereço residencial do empresário da Bahia no Canadá como destino de remessas não identificadas pelos investigadores.
Caso ou acaso
Antes, Eduardo Avillez, que chegou a ter um pet shop no Stiep entre 2014 e 2016, fez parte da lista de 73 autoridades, amigos e parentes que, entre maio e junho do ano passado, visitaram Mauro Cid no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, para onde foi levado após ter a primeira prisão decretada por envolvimento no caso das fraudes de cartões de vacinação contra a covid-19. Registros do setor de imigração do Ministério da Justiça apontam que o empresário retornou ao Canadá em 8 de agosto de 2023. Curiosamente, foi a mesma data em que o pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro apagou todas as conversas mantidas no WhatsApp até então.